03/03/2013

Amar por dois



Luzes piscando. Músicas tocando. Crianças correndo e gritando. Cheiro de churros, algodão doce, maçã do amor e pipoca se misturam na multidão. Adoro essa nostalgia toda que os parques de diversões transmitem. Mas por um segundo sequer, por um olhar ou um perfume conhecido no ar, toda a nostalgia some e o coração bate acelerado cada vez mais enquanto meus olhos mergulham no meio de tantos rostos estranhos à procura de um alguém semelhante, que me lembre você, ou melhor: que seja você. Já se passou um ano e seis meses desde o nosso término. Sim, eu continuo contando os meses... Não deveria sentir esse aperto no peito sempre que te vejo ou ouço falar de você, mas sei lá, a "dor" só vem. 

Posso sentir tudo isso de novo só de ouvir falar sobre você, mas a raiva ainda me consome. Nunca vou conseguir perdoar a tortura psicológica que você me fez passar. Me dói só de saber que todos aqueles beijos, abraços e carinhos foram insignificantes pra você. Por que não acabou com essa tortura logo de uma vez? Por que continuou me iludindo e me decepcionando? Por quê? Agora eu sei o motivo. Continuou agindo assim porque você não passa de um covarde sem coração. Como se já não bastasse, ainda por cima é burro. Provavelmente nunca lestes um livro de desapego, um texto ou um parágrafo sequer. Bom, creio eu que não. Mas já que não sabes, te conto: até um fora - ou popularizando, um pé na bunda - te manda pra frente e te faz seguir em frente. Mas você é tolo demais pra captar isso no meio de tanta besteira que se passa na sua cabeça. Mulher apaixonada pode até ser boba e perdoar alguns vacilos, mas quando ela desencanta não há "eu te amo e não vivo sem você" que faça a magia da paixão florescer novamente em seu coração. 

Te lembra daquela noite no parque de diversão da nossa cidade? Tava demorando muito pra gente se encontrar de novo, mas quando te vi passando só pensei em me esconder atrás da barraquinha de algodão doce, me esconder parecia ser uma ideia boa. Foi uma tentativa em vão...

- Melinda? - Indagou com surpresa me avistando atrás de um gigante algodão doce. 
- Ah, oi... - Respondi praticamente sem jeito.
- Nossa, quando tempo, como você mudou! Tudo bem contigo? 
- É, faz tempo mesmo... tudo sim e com você? Tem feito o que ultimamente?  
- Comigo tá tudo ótimo, tô trabalhando no escritório do Felipe. O que anda fazendo da vida agora? Ainda pretende estudar publicidade e propaganda? 
- Não! Tô no segundo semestre de jornalismo, quero trabalhar como editora de comportamento de uma revista que fez parte da minha adolescência. - Respondi com o maior tom de ignorância, lembrei de que já não sabes mais nada da minha vida, que não convive mais com o meu cotidiano.
- Não me diga que essa revisa é a Capricho, por favor. - Disse num tom de deboche, zombando do até então "trabalho dos meus sonhos".
- Sim, é a Capricho. Dá licença Eduardo, tenho que voltar logo, minhas amigas estão me esperando. Tchau. 
- Não, Melinda espera! - Segurou-me pelo braço quando já lhe dava  as costas para ir procurar minhas amigas, e segurou forte. 
- O que foi Eduardo? 
- Espera, fica. É que faz tanto tempo que não nos vemos...
- Olha, esse foi o melhor tempo que eu já tive desde quando nós terminamos, não quero que ele acabe justo agora quando a minha vida anda perfeitamente bem, e sem você.
- Nossa Melinda, você mudou mesmo. Não só pra mais bonita, mas pra mais arrogante também. Onde que está aquela menina doce e sensível que eu namorei? 
- Ela está onde você deixou, no passado. 
- Não fala assim...
- Falo sim! 
- Você está dramatizando as coisas, não acha? 
- Não, não acho. Você que não está sensibilizando a situação, nunca sensibilizou mesmo, né.
- Deixa de drama menina.
- Olha, eu tô cansada. Eu vivi por dois, namorei por dois, brinquei por dois, me diverti por dois, sofri por dois, chorei por dois, me importei por dois, até ciumes eu senti por dois. Eduardo, eu amei por dois! Tem como não ser dramática diante disso?
- Mas...
- Fica quieto. Você nunca vai conseguir entender a minha raiva.
- É, nunca vou entender as mulheres.
- Ah mas não vai mesmo! E só pra constar, eu não sou qualquer mulher, eu sou a sua ex-namorada, sua ex-futura mulher. Aliás, nunca nem tentou me entender já que nem atenção suficiente você me dava.
- Desculpa. - Me respondeu baixinho com uma voz de vergonha misturada com arrependimento.
- Minhas amigas já devem estar preocupadas, tenho que ir. Tchau. 
- Tchau, a gente se vê então.
- Diga isso por você, por mim não.

Me virei e fui em direção à roda-gigante onde minhas amigas estavam a minha espera. Não dei sinal de que queria abraça-lo nem de que uma lágrima estava prestes a escorrer pelo canto dos meus olhos. Apenas segui meu caminho em silêncio sem virar para trás, joguei meus longos cachos castanhos e fui. Tenho um defeito muito imbecil: sou romântica demais. Estava com toda raiva possível de você, mas não adianta, um flash back surgiu em meus pensamentos frustados e comecei a ter visões de tudo que compartilhamos no passado. Pausa pro choro que lá vem mais rímel borrado. Droga, no meio de tantas tarefas acabei me esquecendo de ser fria por dois, coisa que o Eduardo sabia fazer super bem. 

6 comentários:

  1. Bah, mas que lindo... O diálogo me fez grudar os olhos na tela hahaha parabéns, muito encantador esse post.

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  2. ai dieni que perfeito né *o*
    /silsil

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  3. Concordo com o Andre Macedo, o diálogo me fez sentir presente no texto.. Gostei e também já amei por dois :(
    Já passei por isso e sei como é..

    www.estiloatrevidos.com
    :)

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  4. Aiinn ameiii seu texto!!! O diálogo me prendeu!! Me fez querer ler sempre mais e mais!!! Continue assim! Sigo seu blog ja, e vou vir aqui sempre!! Seu blog é muito fofo!
    Bjin!

    http://geracaon.blogspot.com.br/

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  5. *---* q linds

    http://paodequeijocomchocolate.blogspot.com.br

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  6. Amei o texto demais, e que lindo seu blog! *----*

    Tem sorteio lá no blog. http://luuhkawaii.blogspot.com.br/2013/03/sorteio-de-3-anos-do-blog-colar-da.html

    Estou seguindo o seu blog, um beijo! <3

    Luuh C.
    luuhkawaii.blogspot.com.br/

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