20/01/2014

Carta para um anjo


Querida Carol, 

Te escrevo com um sorriso bobo no rosto e algumas lágrimas que insistem  em cair entre um piscar de olhos e outro.

Eu me sinto mal por não ter tido a honra de conhecer alguém tão sorridente, linda e bondosa como você. De verdade, eu tô mal. Sabe, eu fiquei tão feliz quando você me procurou no WhatsApp. Quando perguntou "É você a dona do Nuveline? Sou fãnzona!" isso me fez ficar sem graça, mas eu amei o carinho. Eu estava planejando fazer um encontrinho pra conhecer minhas leitoras que me acompanham diariamente aqui no blog e pelas redes sociais, já tava tudo planejado na minha cabeça, e você estava inclusa nos planos (sempre salvo o número das pessoas que falam comigo no WhatsApp, e com você não foi diferente), eu iria lhe ligar pra te convidar. Eu juro como eu ia. 

Você estudou por um ano no colégio onde eu praticamente cresci. Foi no Colégio Nossa Senhora do Carmo onde eu passe cinco anos fazendo amizades duradouras. Amadurecendo. Aprendendo. Errando. Rindo. Trocando cartinhas carinhosas com as amigas. Brincando com os melhores professores do mundo. Reclamando da severidade da tia Gina. Me divertindo em cada excursão. Foi lá onde eu paguei boa parte dos altos micos super hiper mega vergonhosos pelos quais já passei. Onde dei meu primeiro beijo. Eu estava sempre reclamando dos preços da cantina e do quanto já estava cansada daquele colégio "pequeno"... A gente reclama de mais nessa vida, né? 

Ah, minha querida Carol... Sabe por que eu to aliviada em saber que você estudou na minha antiga escola? Porque lá é simplesmente o melhor lugar do mundo para se encontrar uma família de amigos. Porque lá – só lá – você descobre o que é amadurecer por conta própria no tempo certo. Lá a gente aprende não só a fórmula de bhaskara, nós aprendemos sobre a vida e o quanto ela é incrível. Com o tempo nós erramos, e logo em seguida alguém surge com uma mão estendida pra nos dar apoio, para  nos ensinar a começar a não errar mais. Cada gargalhada dada naqueles corredores e mesas é sincero, eu tenho certeza. Você deve ter passado pelas cartinhas também, na sua idade eu adoraaaava escondê-las nos cadernos das minhas amigas só pra ver a carinha de surpresa de cada uma. E os professores? São legais, né? Ah, eu adorava vários! Com o tempo descobri que a tia Gina nunca foi tão severa quanto parecia ser, eu a admirava, sempre quis ser uma mulher como ela, sabe? Ela passa seriedade, mas sabe aconchegar cada aluno problemático com uma boa conversa descontraída (às vezes, quando a aula tava muito chata ou quando eu estava sem ânimo pra fazer os deveres de classe, eu fugia para a sala dela com a desculpa de estar com a pressão baixa, sempre fui muito branca, então dava pra enganar. Eu ficava cerca de uma hora botando sal de baixo da língua enquanto a via trabalhar em sua mesa; que por sinal sempre estava cheia de papeladas, provas, td's, roteiros de provas e mapas de sala). E os passeios? Você gostava, não gostava? Eu sei que gostava! Mas também, era impossível não rir naqueles ônibus com aqueles loucos. Depois que saí de lá, me dei conta de que os preços da cantina não eram tão ruins assim e que o colégio nunca foi pequeno. Na verdade ele era imenso. Eu é que nunca soube enxergar direito essa imensidão. Agora, sempre que vou lá me sinto infinito. Bate aquela nostalgia ao passar pelo pátio, pelas minhas antigas salas, pelas mesas e cantina. No cnsc é todo mundo muito unido. Pode haver algumas briguinhas, mas todo mundo é uma família. Eu sofri quando saí de lá e me vi tão "só". Você não perdeu ninguém, eles é que te ganharam e você sempre será deles assim como eles serão de você. Você sempre será amada, lembrada e cuidada. Confie em mim.

Menina, você esteve ao lado de pessoas maravilhosas, você esteve em boas mãos e principalmente: em maravilhosos corações. Sempre permanecerá viva dentro de cada um que teve a oportunidade de conviver com você, princesa. Seja lá onde você estiver agora, olhe para eles, agradeça-os e sorria. Sorria muito. Sorria com aquele sorriso lindo pelo qual eu só pude conhecer por foto. Abrace seus amigos quando estiverem precisando daquele seu carinho que eu recebi via mensagem de texto. Cuide da sua família em quanto estás aí em cima, tá? Sua mãe cuidou muito de você enquanto esteve na UTI, ela se desgastou mas se conformou; ela foi forte por você. Percebi no seu velório que seu pai a amava muito, certamente ele sentia bastante orgulho de ti. E seu irmãozinho... que fofo! Sabia que eu também tenho um irmão chamado Lucas? Olha só, coincidência até nisso! 

Eu não a conheci pessoalmente. Quando soube da péssima notícia, quando me informei de tudo, percebi que era meu dever ir me despedir de você, mesmo sem ter te conhecido direito. Esse era  mínimo que eu poderia fazer por alguém que me procurou para me parabenizar pela minha paixão e para mandar carinho. Eu estava fazendo planos para ir te ver no hospital, mas não deu tempo. Me desculpe. 

Eu não consigo entender do porquê de alguém tão jovem, com apenas quatorze anos ir assim, do nada. Às vezes eu chego à conclusão de que a vida faz o seu trabalho honesto de forma injusta. Mas por mim tudo bem, desde que estejam todos bem. E todos eis de ficar. 

Obrigada por ter sido uma leitora tão fofa. Por ter enchido os corações de meus amigos e ex-colegas com tanto amor. Obrigada por ter entrado na minha vida. Até qualquer dia, amiga.

Com muito amor, 
Dienifer Reis


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Carol era uma leitora bastante querida por mim, assim como todas vocês são.

4 comentários:

  1. que coisa mais triste :/// meus pêsames. vc escreveu texto maravilhoso!!!
    beijos
    www.portefeminino.com.br

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  2. Olá!!!, Deus seja contigo, tenha uma semana abençoada,
    vai com Deus SUCESSO AMIGA.
    Blog: http://arrasandonobatomvermelho.blogspot.com.br
    Canal de youtube: http://www.youtube.com/NekitaReis

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  3. Lindo texto. <'3

    Beijinhos.
    www.november92.com

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