23/06/2014

Mural de fotos


Não vim aqui pra contar como criar um mural de fotos, ou poetizando: um mural da vida. Fotos são momentos e momentos são lembranças. Lembranças são sentimentos e sentimentos, por sua vez, são uma série de coisas boas e ruins. Logo, uma série de coisas boas e ruis são popularmente chamados de aprendizado. Vivência. 

Criei um mural de fotos numa das paredes verdes-turquesa do meu quarto. É um mural grandinho, mas que quero aumentar com o tempo. Colar fotos até o teto, até encostar na aresta da parede direita, e na da esquerda também. Às vezes, no carregar de um seriado, ou de um vídeo, ou de sei lá o quê; me pego olhando para as fotos, cada rostinho risonho meu de anos atrás me trás um pensamento tênue que me leva de volta ao passado e ao mesmo tempo me faz questionar o futuro enquanto analiso meu presente bem em cima dessa tal linha, em base nos meus erros e acertos, ilusões e desilusões, amores e desamores. 

Dezesseis. Quinze. Quatorze. Onze. Oito. Sete. Cinco. Três. Dois anos de idade e daqui a pouco já são dezessete. São bastantes números, e o que eu fiz nesse tempo todo? 

Bom... Vi a separação dos meus pais, e contribui com a reconciliação de ambos. Atravessei o país até chegar onde estou. Experimentei a vida de filha única e, quatro anos depois, passei a desfrutar das briguinhas de irmãos. Sempre vivi cercada de animais de estimação, e de Barbies. Estudei nos mais variados tipos de colégios e descobri logo cedo que, não é o tamanho da escola, nem os professores bem pagos e muito menos o seu nome renomado que vai fazer de você um bom estudante; entendi que tudo se facilita e se amplia pra melhor quando se tem uma boa companhia de pessoas gentis e de profissionais dispostos a te ensinar, custe o tempo (e a paciência) que custar. Vi paisagens magníficas no decorrer do tempo, tanto do alto das nuvens, como de dentro de cavernas frias e fedidas, com pinturas pré-históricas, lindas. Pôr do sol? Adoro ver do alto de um prédio ou da janelinha do avião, ou de uma das pontes metálicas daqui da orla da cidade. É, fotografo muitos raios rosas e alaranjados. Nasci no dia mais frio de agosto de 1997, talvez por isso goste tanto de brisas gélidas e do frio gostoso que faz na região sul do Brasil, digo isso porque vejo daqui uma foto minha com um dia de vida, toda enrolada num cobertor térmico fofinho. Já vi leões, alimentei pombos no banco da praça, tive um picolé roubado por uma girafa, toquei num elefante e tirei foto com uma chipanzé pra lá de mimosa. Já chorei por ter medo do fim dos tempos, por medo de morrer sem antes viajar o mundo e até de morrer virgem ou sem filhos. Criei um pavor por cruzeiros, barcas e afins, tudo por causa do bulbo de proa assustador que há nas embarcações. Até os onze, sempre tive facilidade em fazer amigos, mas nunca consegui abolir minha dificuldade em descobrir quem estava ali por bondade ou interesse, ou só maldade acompanhada pela falta de ocupação. Digo isso por ali no canto superior esquerdo do mural, tem uma foto minha pronta pra ir à escola. Uma vez derrubei uma dessas "amigas", empurrei os ombros dela e a guria caiu e rachou o piso do antigo condomínio onde eu morava; não é querendo ser má, mas, antes de me insultar é melhor pensar. Nunca gostei de brigas físicas, gosto de tortura verbalmente, mas só faço isso quando necessário. Maldade tem limite, até pra quem merece uma boa dose de verdades. Que nem na época em que foi tirada aquela foto no topo do mural, ao lado da cobra do zoo. Isso me lembra uma história bem triste e nostálgica até, recheada de lições, de lágrimas, de pedidos de desculpas, de erros e culpas. Consegui criar a capacidade de perdoar o imperdoável, segundo minhas amigas. Na mesma época conheci uma guria bem moleque; não moleque no sentido vagabundo da palavra; ela é moleque por ter alma de menino, também tem pensamentos de velho bem vivido; a menina-moleque me ensinou a ter coragem para assumir meus erros, pra pedir perdão quando preciso e a não ter vergonha de errar novamente, desde que eu sempre reconheça meu atos; Depois fomos juntas pro festival das cores, esse dia me rendeu uma foto bem colorida e rosa. 

São muitos retratos, muitas caretas e sorrisos, muitos lugares, muitas pessoas especiais. Muito de tudo. Daqui a pouco já são dezessete. E o mural se expande, multiplica e triplica de tamanho, dee uma aresta à outra. 

9 comentários:

  1. Bem ali em cima tem uma foto sua e da mila,saudade de vocês duas

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  2. pq tem foto tua e da camila?

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    1. Eu nunca apago fotos das redes sociais e nem excluo pessoas da minha vida, mesmo que elas tenham me machucado muito. Eu e a Camila não nos falamos, mas no tempo em que revelei essa foto, a gente ainda se falava. Tudo bem que tivemos nossas discussões, mas não guardo mágoas de ninguém, nunca. E ela me proporcionou momentos maravilhosos, não esqueço das coisas boas que me dão, então, se um dia eu fui feliz com a amizade dela, por quê eu iria querer deletar as lembranças? Sem lógica... Beeeijo!

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    1. Preciso revelar umas antigas, mas só quando voltar as aulas :/

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  4. Próxima vez que eu for na tua casa, eu quero ver minha foto no mural

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  5. Que delícia de texto! Me senti dentro da sua vida! E confesso, eu adorei! A gente passa por cada coisa nessa vida, ein? Refleti bastante também! Você passou por diversas coisas, flor! E isso te fez mais forte! Amei sua escrita!
    Beijinhos ♥
    http://www.momentosassim.com/

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  6. saudade de vc e da camila

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