10/11/2012

Saudades de casa

cronica-bruna-vieira

Não lembro de muita coisa. Meu passado parece não me pertencer. Isso deve ser culpa de todos esses quilômetros que me separam de "casa" e do tempo que passei longe. Quando penso em lar, no lugar de onde você é, automaticamente me pego lembrando de Campo Bom, Rio Grande do Sul. Meu interiorzinho com cara de cidade moderninha, quanta saudade. Não cresci por muito tempo ali. Mas o pouco que vivi e aprendi com as viagens que faço pra lá valem a pena, muito a pena.

Deixar para trás toda a sua família pra ir morar em outra cidade, pior, outro estado é horrível. Mas às vezes é preciso... Eu era muito pequena então não lembro de praticamente nada. Mas se essa mudança de região acontecesse nos dias atuais com certeza eu perderia a coragem de sair da minha terra onde moram todos que eu realmente conheço pra vir parar  no litoral. 

Olhando o horizonte diante do mar, parece que estão todos ali, do outro lado da fina linha que divide céu e água. Mas já aceitei os fatos. E daqui a pouco estarei eu, mais uma vez me mudando de região. Mais uma vez me afastando do meu porto seguro. Mais uma vez 'abandonando' pessoas importantes pra seguir meus objetivos que por sinal nunca pretenderam se afastar de ninguém, a não ser dos que me fazem consumir raiva de um jeito absurdo. 

Ainda lembro até hoje como se fosse ontem, minha vó fazendo bolos, biscoitos e tudo que de bom que venha na mente dela e que me faça engordar cinco quilos em questão de segundos. Ok, não vamos exagerar, questão de minutinhos, pode ser? Saudade das histórias de terror que me contavam e me faziam acreditar que o "homem do saco preto" existia tanto quanto o Bicho Papão. É infância, você faz falta! 

Passar as tardes pintando as unhas da Meg - a vira-lata mais diva que eu já conheci - e depois andar de bicicleta com ela no cesto pela cidadezinha florida era a melhor coisa do mundo. Sabe a sensação maravilhosa que a gente sente quando colocamos os fones de ouvido e ai começa a tocar sua música preferida seja lá qual for o motivo? O que eu sentia era quase isso. Melhor, o que eu sentia não tinha nome, só uma sensação muito boa e confiante. Conhecer cada esquina, cada praça, cada sorveteria, cada colégio ou igreja que fez parte do passado dos meus pais parecia tão mágico. Parecia que es voltava no tempo e por onde passava imagina como que as pessoas da época agiam e se tratavam, como se vestiam e quais era os assuntos mais clichês nas rodinhas de amigos. As minhas tardes não poderiam ser melhores. 

Sinto falta até hoje do clima louco de Campo Bom, principalmente do friozinho bom - suuuuper bom! - que fazia nas noites pacatas entre uma rodada de canastra aqui e outra ali. Saudades dessas coisas tão simples que estão tão longes agora. Longes do meu alcance e longes em questão de tempo. Só me restam agora as memórias. 

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