12/04/2013

Mona e o tal cara

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"Mas que diabos eu estou fazendo aqui?". Foi o único pensamento alto que consegui ter quando estacionei em frente à casa amarela e grande do meu ex, o Caíque. Acelerei, segurei firme a direção e saí vagando pelas ruas do Rio de Janeiro sem rumo, sem destino, só com minhas lembranças teimosas em quererem borrar o meu rímel novo. Fiquei papeando com a Taylor Swift no rádio enquanto as árvores pareciam me observar do lado de fora do meu New Beetle azul claro. Pensando como que um simples boato de tamanha falsidade consiga destruir um amor, um romance ou quem sabe só um tal lance. Dez meses é muita coisa; em dez meses acontecem muita coisa... E nada pode ser passado despercebido assim. Nada! 
O que eu mais queria naquele dia era que o Caíque me ouvisse, mas nem mensagem ele queria trocar comigo, quem dirá uma conversa olho-no-olho. Então fui pra casa buscar um pouco de sofrimento gratuito no meio de tantos filmes de comédia romântica misturados com os de pornô-gay do Marcello. Quase me esqueço que divido apartamento com um homossexual muito do safado e que é melhor do que ninguém na hora de pregar a lei do desapego - isso que dá stalkear a Isabela Freitas 24 horas. 

Não sei os outros, mas eu quando "estou na pior" procuro por comida. Vulgo: porcarias. Parei na lojinha de conveniência do posto de gasolina ainda um pouco longe de casa. Comprei sorvete, chocolate, donuts e até um ovo de páscoa infantil (adoro os brindes). Foi ao som de John Mayer que chorei comendo aquelas rosquinhas engordativas, os meus queridinhos dunuts, enquanto dirigia de volta para casa. 

 Música vai, música vem. Cheguei. 

Quanta paz, senhor. Como eu amo a minha casa. Como eu adoro a companhia da Valentina no sofá – mesmo soltando aqueles benditos pelos, eu adoro. Eis que o Marcello sai do banheiro enrolado numa toalha preta e cantando com todo gosto e sedução: "EU SEI QUE EU SOU, BONITA E GOSTOSA E EU SEI QUE VOCÊ, ME OLHA E ME QUÉ-EEER, EU SOU UMA FERA DE PELE MACIA, CUIDADO GAROTO EU SOU PERIGOSA!", com uma voz afinadíssima de dar dó do de qualquer chuveiro. 

Sossego nessa casa, please! – Gritei, jogando a bolsa grande e branca no chão enquanto chaveava a porta logo atrás de mim. 
Bisha, nem sabia que você tava aí! Faz tempo que chegou? – Perguntou ele enrolando uma toalha vermelha na cabeça, acreditando mesmo que há cabelo o suficiente para segurar a "marmota" enquanto vinha rebolando em minha direção. 
Até que enfim Mama, consegui chegar...
Gente quié isso, parece que foi é assaltada, credo Monalisa o que aconteceu? 
Eu não fui assaltada, eu só... – Antes que pudesse terminar a explicação, o Marcello me interrompeu com sua curiosidade acompanhada com uma dose de ansiedade. 
Foi espancada? Ameaçada? Perdeu o emprego???  O desespero batia na cara dele e voltava para a ponta da língua – Conta looogo, minha fia!
Então cala a boca né Marcello?! Não foi nada disso. Eu passei o dia sem receber uma ligação ou mensagem do Caíque. Não o vi online no Facebook e não teve nenhuma foto nova no Instagram dele que deduzisse algo ou um lugar, nenhuma... Obtive notícias dele através de amigas que temos em comum, elas disseram que ele ainda tá bastante chateado comigo e com o que lhe contaram antes de ontem; mas me deram a esperança de que talvez eu ainda possa correr atrás do meu ex-ainda-amor já que me disseram ter visto ele no bar de sempre tomando um chopp sozinho e dispensando qualquer olhar oferecido que o tentasse atingir com uma carinha triste e abatida. Ou seja: ele ainda pensa em mim o bastante pra não querer se envolver ou cair na noitada com alguma outra qualquer. 
Hm... É, tem lógica. Mas amiga, você não deve ficar assim não! Mona, você sempre foi a loira mais cobiçada da cidade, das festas, de tudo! Eu sei que esse coraçãozinho abatido ainda ama aquele boy magia, mas minha diva, você não é mulher de sofrer pelos cantos por um amor inacabado e esse Caíque pode ter toda a certeza que precisar para acreditar de que ele não vai ser o primeiro a lhe fazer esse mal; de que ele não tem essa moral toda para botar minha melhor amiga numa situação dessas!
Obrigada por tudo, de coração! Mas ele já está sendo esse tal primeiro. Mama, de onde é que eu iria trair aquele homem incrível com um desconhecido, um bêbado inconsequente num bar onde eu sei que 1/3 dos nossos amigos frequentam? Nunca que eu faria isso! Você sabe né que eu sou a pessoa que mais odeia traição? Que o meu forte é fidelidade e não mediocridade, sabe né?!?! 
Todo mundo sabe do seu forte Mona, todo mundo...
Então! Como é que aquele babaca pôde acreditar num boato desse? – Não aguentei, as lágrimas escorreram e o barulho do meu choro se espalhou num eco profundo e alto no meio do silêncio total da casa. 

O Marcello me abraçou e me deixou um pouco sozinha o resto da noite para que eu pudesse pôr as coisas em ordem. 

Peguei meu box de FRIENDS, dei o play no último episódio da temporada em que tinha assistido pela última vez; coloquei na mesinha de centro as compras que fiz na lojinha de conveniência do posto e deitei no sofá com a Valentina, devorando todas aquelas porcarias industrializadas e gostosas. Eis que o telefone toca. 

Oi...? - Minha voz já um pouco rouca e chorona respondeu ao chamado.
Oi amor, desculpa tirar conclusões precipitadas sem antes te ouvir, preciso conversar contigo e não pode demorar mas nem um minuto.

Eu estava com o cabelo zoado, maquiagem borrada e cheia de guloseimas ao redor de mim numa noite fria e melancólica, com os pelos da minha gatinha espalhados pelo meu vestido preto enquanto a mesma esquentava os meus pés. Não queria que ninguém me visse daquele jeito. Muito menos o Caíque, mas algo me forçava a querer vê-lo.
Ah... É que eu tô meio ocupada agora... Essa conversa não pode esperar?  Por favor, não espere!
Não. Você tá sozinha? 
Não, o Marcello tá em casa comigo.
Hm, então vai pra minha.  Opa, acho que a saudade bateu à porta de alguém...
Agora? - Perguntei ainda confusa sobre o que estava acontecendo.
Agora. 
Mas eu não estou aparentemente bem...
Monalisa, esquece sua aparência só um instante e vem? 
Isso é uma opção? 
Uma obrigação, é falta de educação deixar alguém o esperando na calçada, menina. – Oi?!
Hãn? Você tá ai em baixo??  Como assim o cara tá na porta do meu prédio me esperando do nada?!
Desce logo que eu tô te esperando.
Tá, vou só trocar de roupa...
Não, querida, esquece isso e desce. 
Ok.
Ok.
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Crônicas da Mona

4 comentários:

  1. Caramba, adorei <3 Infelizmente, essas coisas não acontecem comigo hahaha :( Mas ficou ótimo o texto, parabéns!
    http://adioshillebrand.blogspot.com.br/

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  2. Amei esse conto *-*
    Principalmente a conversa da Mona com o Caíque!!
    Quero mais!!


    Tecido_Doce

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  3. Ana, difícil mesmo acontecer com a gente... e eu tento trazer isso pros contos da Mona: o possível dentro do difícil. Que bom que gostou! ^^ | Oi Wandyel, muito obrigada pelo carinho, toda semana tem crônica nova da Mona, vou passar no seu blog avisando quando sair a próxima!

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  4. Amei muito. A sua escrita é leve, digna de comédias românticas! Convido você para participar de uma tag onde divulgo um texto de blogueiras super talentosas como você. Para participar, siga as intruções desse post: http://deliriosdebloom.blogspot.com.br/2013/04/voce-no-delirios-de-bloom.html

    www.deliriosdebloom.blogspot.com

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